Paula Soares Campeão
Curso: Direito
Aprovação: UFES
A minha vida estudantil, desde o início, foi marcada por uma constância nos estudos. Sempre busquei manter um padrão de estudo, de modo a não sobrecarregar os conteúdos das disciplinas. Entretanto, vale ressaltar que essa constância não se confunde com exagero ou sobrecarga. A minha carga horária de estudos sempre foi razoável, em torno de duas horas diárias, desde as duas séries iniciais do Ensino Médio. Assim, quando ingressei no terceiro ano não precisei dispensar tanto esforço no aprendizado das disciplinas, uma vez que boa parte do conteúdo já havia sido vista anteriormente, e eu já havia adquirido um hábito estudantil, que equilibrava meu tempo de estudo.
Dessa forma, estabelecia um momento do dia, geralmente durante a tarde, após um breve e indispensável repouso depois do almoço, para estudar as matérias dadas em sala de aula, conservando, assim, um tempo de estudo rotineiro e não sobrecarregado, que se manteve durante as três séries do Ensino Médio. Portanto, o meu terceiro ano não foi marcado por estudos exaustivos, mas, sim, constantes e equilibrados, assim como as duas séries anteriores.
É claro que foi um ano mais centrado, afinal, os estudos visavam atingir um escopo maior: o vestibular, e não apenas médias curriculares. Mas também não foi um ano totalmente estressante, visto que eu encarava o vestibular a partir de uma perspectiva positiva e natural, em detrimento do “bicho de sete cabeças” considerado pela maioria. O equilíbrio, sobretudo psicológico, foi, portanto, um elemento fundamental para atingir o sucesso no vestibular. Buscava sempre manter a tranquilidade, que me era característica, tanto no decorrer dos estudos quanto na realização das provas em geral.
Em relação aos finais de semana, geralmente, eu não costumava estudar, exceto quando havia simulados ou atividades extras oferecidas pela escola. Reservava esses dias para o lazer, para realizar atividades de que eu gostava, sair com os amigos, como qualquer jovem, a fim de despejar o cansaço da semana que passou e me divertir. Levava, dessa forma, uma vida “normal”, sem grandes restrições pelo fato de estar prestando vestibular.
O ano de 2010, especificamente, foi um ano marcado por uma série de turbulências e incertezas, a começar pela inclusão do ENEM como fase obrigatória para a UFES. Os alunos foram alvos da instabilidade de diversos processos seletivos, que promoveram mudanças repentinas ao longo do ano. A princípio, a inclusão do ENEM foi considerada ruim, tendo em vista a forma abrupta com que foi implantado, atingindo as instituições de ensino de surpresa, já que utilizavam uma metodologia de estudo voltada para o vestibular tradicional. Além disso, foi criticada por ser uma prova muito extensa, cansativa, e que não exigia conhecimentos mais aprofundados, apenas superficiais e de caráter prático, não valorizando, assim, os bons alunos.
Apesar desses elementos conjunturais, a implantação do ENEM, de um modo geral, foi boa. Ao apresentar caráter apenas classificatório, permitiu que um maior número de alunos tivesse acesso à segunda fase, a qual, no vestibular tradicional, era bastante restringida. Além disso, com o reinício da contagem da pontuação, na segunda fase, ocorreu uma valorização das questões discursivas, referentes ao conhecimento específico de cada área. Foi esse aspecto, sobretudo, que eu considero como tendo sido essencial para o meu bom resultado no vestibular, em que atingi 41,05 pontos nas questões discursivas, fator determinante para assegurar o primeiro lugar na classificação do curso de Direito da UFES. Dessa forma, a valorização das questões discursivas foi para mim um benefício, visto que desenvolvi, ao longo das séries do Ensino Médio, o aperfeiçoamento da escrita, que foi verificado, por exemplo, nos Concursos de Redação oferecidos pelo Darwin, nos quais fiquei entre os finalistas por dois anos consecutivos.
A definição do curso, por sua vez, foi uma escolha gradual, resultante de uma pré-noção que eu tinha a respeito da opção pela área de humanas. Defini pelo Direito já no final da segunda série do Ensino Médio, ingressando no terceiro ano com essa idéia praticamente confirmada como opção de curso.
O ingresso na universidade foi, sem dúvidas, uma experiência muito boa. Atualmente, estou cursando o segundo período de Direito na UFES, com 17 anos, e posso confirmar que a vida acadêmica se difere em muito da escolar, como em relação ao fato de o aluno aprender a ser autodidata, uma vez que não depende do professor para organizar seus estudos. Com certeza eu estudo muito mais, hoje, na universidade, do que estudei no terceiro ano. É incomparável, mas não troco essa nova fase por nada!
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