Arthur Caus
Curso: Medicina
Aprovação: UFES
Ao contrário do que muitos pensam, eu nunca fui um aluno muito aplicado. Para falar a verdade, nos dois primeiros anos do Ensino Médio, eu estudava apenas em vésperas de provas de algumas matérias. Fazia isso porque sempre tive facilidade para entender os assuntos das aulas, então, o que eu assistia em sala acabava sendo suficiente para tirar boas notas. Na 3ª série, não mudou muita coisa. Comecei a estudar mesmo apenas quando estava próximo do Enem (na época ainda não era considerado como primeira fase do vestibular da UFES, mas acrescentava alguns pontos à nota) e do vestibular da UFES. Considerando que eu estudava em um colégio sem tradição em vestibulares e com a maioria dos alunos desinteressados, isso foi até normal. No entanto foi muito prejudicial para minha vida acadêmica, pois acabei tendo que fazer dois anos de pré-vestibular para conseguir ingressar na universidade federal.
Durante meu Ensino Médio, como disse antes, eu não estudei muito. Por isso, sempre havia tempo para lazer. Eu fazia academia, disputava campeonatos de handebol pelo time da escola, ficava algum tempo no computador todos os dias e saía sempre que queria. Mesmo quando eu comecei a me esforçar para passar no vestibular, ou seja, quando eu comecei a fazer pré-vestibular no Darwin, eu nunca gostei muito de estudar nos finais de semana. Eu tinha tempo para descansar e relaxar. Isso me ajudou muito a passar no vestibular porque, enquanto muitos candidatos estavam cansados e estressados de tanto estudar, eu estava com a mente tranquila e pronta para aguentar outra semana de aulas. Entretanto, para que eu pudesse fazer isso, me esforçava muito durante a semana. Normalmente, eu chegava no Darwin às 6h40, assistia aulas de 7h às 12h40, almoçava perto da escola e voltava para estudar na biblioteca ate quase as 20h.
A decisão de tentar cursar medicina foi um pouco conturbada. Eu tinha algumas dúvidas sobre o curso que queria. Sempre tive facilidade com exatas, por muitos anos matemática foi minha melhor matéria, no entanto, eu não queria passar minha vida trabalhando em algo relacionado a isso. Por outro lado, com biomédicas eu também tinha facilidade e estava disposto a ingressar nessa área. Isso serviu para eliminar alguns cursos que tinha interesse, como engenharia química e oceanografia. Por fim, as vésperas de fazer inscrição no vestibular, optei por medicina. Sempre foi uma profissão que me despertou interesse e acho que é minha vocação, por assim dizer. Além disso, houve influência da minha família, pois minha irmã é formada em medicina. Hoje, tendo a oportunidade de cursar medicina, acredito que fiz a escolha certa.
Acredito que cada situação é única. No entanto, quando eu estava no cursinho, eu tinha aulas apenas pela manhã, então podia estudar a tarde inteira e descansar nos finais de semana. Na universidade, eu tenho aulas em período integral, portanto, além de um conteúdo muito maior em sala de aula, acabo tendo que ficar acordado até tarde e estudar à noite e nos finais de semana. Hoje, eu acabo tendo que abrir mão de feriados e ficar com minha namorada para estudar e pelo menos tentar estudar toda a matéria antes das provas. Muitas vezes esse tempo não é suficiente para conseguir terminar o conteúdo. Por isso, posso dizer que na universidade eu estudo muito mais. Entretanto, diante de toda a luta para conseguir entrar na UFES e da felicidade de poder cursar o que eu queria, vale a pena cada hora de sono perdida.
Eu precisei fazer dois anos de cursinho. Quando eu estava na 3ª série faltou dedicação mesmo. Mas no primeiro ano de cursinho acho que faltou sorte e, talvez, um pouco mais de confiança para espantar o nervosismo, que não era muito, mas fez com que perdesse alguns décimos por falta de atenção que fizeram muita falta para a aprovação.
Considero a proposta do Novo Enem como primeira fase do vestibular da UFES muito boa. Entretanto, sua implantação foi mal feita. Primeiramente, em um país com dimensões territoriais tão grandes e uma variação na qualidade do ensino gigantesca entre uma região e outra, era necessário maior organização e melhor elaboração das provas. Como foram mal feitas, eu considero as duas edições do Novo Enem realizadas um desastre. Na primeira houve vazamento da prova, na segunda, erro de impressão dos gabaritos. E, voltando ao contexto da UFES, o fato das notas da primeira fase serem desconsideradas no resultado final do vestibular prejudica muitos alunos que se esforçam para tirar uma boa nota no Enem.
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