Douglas Toledo Camilo, aluno de Medicina da UFES. Estudou o Ensino Médio e o Pré-vestibular no Darwin.
Darwin: Darwin: Como foi a sua carga horária de estudos nas duas séries iniciais do Ensino Médio? E na Terceira série?
Douglas: Minha carga horária de estudos nas duas séries iniciais não era elevada. Estudava um pouco na véspera da prova e isso era o suficiente para me render notas satisfatórias. Entretanto, na Terceira Série, não demorou muito para eu perceber que o ritmo precisava ser diferente. O vestibular é uma prova que impossibilita estudos na véspera e, portanto, era necessário maior esforço ao longo do ano, de modo que minha carga horária de estudos aumentou, e diariamente eu estudava um pouco da matéria.
Darwin: Você reservava algum tempo para lazer?
Douglas: Sim. Nunca fui uma pessoa que abdicou completamente do lazer para estudar. Obviamente, algumas situações assim ocorreram na Terceira Série (como em simulados e aulas aos sábados), mas sempre sobrava tempo para fazer o que eu gostava.
Darwin: Você estudava nos finais de semana?
Douglas: Geralmente não estudava em casa, mas sempre estava presente nos TQDs aos sábados e nunca faltei simulados. Quando estudava, era uma pequena revisão, mas nada exagerado.
Darwin: Como e quando você fez a opção pelo curso que está frequentando?
Douglas: No final da Segunda Série (EM), comecei a perceber que eu tinha uma afinidade maior com as disciplinas de Química e Biologia. Costumava tirar boas notas nessas disciplinas (principalmente em Química) e tinha grande interesse na parte de Anatomia e Fisiologia Humana na disciplina de Biologia. Somou-se a isso o fato de eu admirar a profissão médica, tanto pela ação desempenhada pelo profissional, quanto pela ideia de uma boa carreira nessa área (embora não seja tão simples assim). É normal chegar à 3ª série sem ter uma ideia certa do curso que se deve escolher. Eu, mesmo no Pré-Vestibular, ainda tinha minhas dúvidas.
Darwin: Em que época você estudou mais? Atualmente na Universidade, ou quando cursava a 3ª série ou P.V.?
Douglas: São situações um pouco distintas. Na 3ª série/P.V, o estudo é constante, mas moderado. Sabendo seguir bem um planejamento, não é necessária uma rotina exaustante ao longo de um ano inteiro. Na Universidade, por outro lado, em períodos de provas, muitas vezes a quantidade de conteúdo é muito maior do que eu imaginava que seria possível estudar no tempo disponível. Às vezes são mais de 300 páginas para se estudar em três dias. Ou seja, nesses momentos, é necessária uma carga horária de estudos bem intensa, sendo, às vezes, necessário abdicar um pouco de momentos de lazer e até mesmo de sono. Entretanto, vale ressaltar que um bom planejamento na universidade (o que geralmente é perdido depois do 3º ano/P.V) pode facilitar bastante sua vida. No geral, eu diria que estudei mais no pré vestibular.
Darwin: Se você cursava o Pré-Vestibular, o que faltou para ter conseguido a aprovação no(s) ano(s) anterior (es)?
Douglas: Ao longo do Pré-Vestibular, comecei a pensar nos possíveis motivos que fizeram com que eu não fosse aprovado. Percebi, nesse período, que passei uma grande parte do ano anterior estudando da maneira errada. As partes mais fáceis das matérias de Biologia e Química eu ignorava, pois acreditava que qualquer coisa desses conteúdos que caísse na prova eu acertaria. Gastei grande parte do meu tempo estudando coisas mais complexas e que raramente cairiam, acreditando que esse diferencial seria essencial.
Bem, um diferencial é realmente necessário para ser aprovado em medicina, mas não da maneira que eu busquei. No resultado, eu sofri um baque: os conteúdos difíceis que eu tanto estudei não estavam tão presentes na prova, e a matéria básica que não estudei era a maioria dela. Eu não errei essas questões relativamente simples, mas perdi alguns décimos preciosos nelas, que poderiam ter resultado na minha aprovação. Perdi pontos em questões que eu poderia resolver com um pouco mais de atenção, o que mostra que faltou um pouco de calma no momento da prova.
Percebi, durante o Pré-Vestibular, que eu não estava dominando tanto a matéria quanto eu acreditava no ano anterior, e que sempre há algo mais para se estudar um pouco. É sempre muito difícil conseguir lembrar bem de toda a matéria. Tive um ano para refletir sobre tudo isso, e, hoje, não vejo como algo ruim ter feito um ano de Pré-Vestibular, mas sim como algo que me fez amadurecer muito (tanto como aluno, quanto como pessoa). A melhora no meu desempenho no P.V foi evidente, tanto nos simulados e nas aulas, quanto nas provas de vestibular que fiz.
Pode parecer brincadeira, mas uma das melhores coisas que eu fiz no Pré-Vestibular foi dormir melhor à noite. Na 3ª série, muitas vezes dormia 6 horas por dia, às vezes menos. Isso me fazia ficar com sono o dia seguinte inteiro, e eu não conseguia prestar tanta atenção na aula e nem memorizar bem a matéria. No P.V, eu passei a tentar dormir sempre 8 horas por noite, e percebi um grande aumento no meu rendimento, pois eu conseguia entender muito bem a matéria durante a aula, além de uma melhora evidente na minha memória, e isso me valeu muito tempo de estudo, já que a maior parte da matéria eu já tinha entendido durante a aula.
Darwin: A inclusão do ENEM substituindo a 1ª etapa do Vestibular da UFES foi boa no seu entender?
Douglas: O ENEM é uma prova que veio para quebrar o modelo tradicional do vestibular. A ideia é boa, pois visa direcionar o estudo dos alunos a áreas realmente importantes, retirando aquela ideia de vestibular de decorar tudo para uma prova e depois esquecer o que estudou. É uma prova que prega o raciocínio, e uma boa leitura é essencial. Entretanto, a prova ainda apresenta muitas falhas, como o fato de ser uma prova extremamente extensa e que exige um nível de atenção e resistência dos alunos um pouco exagerado. Por ser uma prova muito interpretativa em algumas áreas, algumas questões são mal formuladas, dando margem a interpretações diferentes e, muitas vezes, a resposta esperada é a “menos pior”, não a melhor. A diferença do novo modelo para o tradicional nem sempre é evidente, e muitas vezes a prova do ENEM apresenta questões conservadoras, o que é algo oposto à ideia da prova. Entretanto, diante de todas essas falhas, ainda considero a prova do ENEM muito melhor do que as provas tradicionais que ocorrem no Espírito Santo e em outros estados. Vale ressaltar que eu não considero que o ENEM já seja uma prova que pode substituir completamente um vestibular (como já ocorreu com grandes universidades no Brasil), por causa de todas essas falhas nas questões objetivas, por uma correção de redação sempre polêmica (há sempre reclamações por parte dos alunos sobre as notas) e pelos problemas recorrentes relacionados, por exemplo ao acesso a questões antes da prova.
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