João Guilherme Galberto Torres
Curso: Direito
Aprovação: UFES/UFF
Nas duas primeiras séries do Ensino Médio, que cursei no Darwin de Guarapari, já comecei a pensar no meu vestibular, precisava apreender o máximo de conteúdo nos três anos seguintes. Possuía uma carga horária de estudos em uma média de 4 a 5 horas por dia, além, é claro, do tempo em sala de aula. Em especial, os dias que precediam as avaliações, segundas-feiras (1º ano) e terças-feiras (2º ano), aproveitava a tarde para me reunir em grupos na escola para conversar sobre a matéria, resolver os exercícios pendentes, participar das monitorias e acertar o que faltava para as provas do dia seguinte. Nos finais de semana, eu dedicava de 3 a 4 horas, sábado e domingo, para revisão de alguns pontos mais importantes da semana, para resolução de exercícios que não foram feitos na semana, adiantar a Tarefa Mínima e já pensar nas provas da semana seguinte.
Já na 3ª série, que cursei no Darwin de Jardim da Penha, o meu ritmo de estudos mudou. Passei a dedicar, além do tempo em sala de aula, de 7 a 8 horas por dia para apreender o conteúdo exposto em sala de aula. Participava, na medida do possível, de todos os plantões de dúvidas e das aulas de inglês. Constantemente, ficava nas salas disponibilizadas na escola para estudos individuais ou na biblioteca, até o momento em que esta fechasse. Em casa, ainda aproveitava para ler o Guia Atualidades, alguma obra literária cobrada no vestibular e as notícias do dia na internet.
Todos os dias eu revisava o que havia sido dado nas seis aulas, não separava minha tarde por matérias, eu simplesmente tinha que olhar todas as matérias dadas naquele dia, independentemente do tempo que me “custasse” cada uma delas. Nos finais de semana aproveitava para rever conteúdo, dedicando o domingo a isso, visto que nos sábados havia aulas de questões discursivas (TQD), ou de questões ENEM (TQE), ou simulados, ou, ainda, aulas complementares de conteúdo.
Nos sábados à tarde, quando não havia aulas eu revisava o conteúdo da semana, ou aproveitava para resolver algumas questões discursivas. Nos finais de semana, feriados e nas férias chegava a estudar cerca de 12 horas, pois acordava mais cedo para isso. Apesar de tentar conciliar todos os meus horários e aproveitá-los da melhor forma possível, dificilmente, no 3º ano, dormia 8 horas por noite, algo que até me custou caro, e que não aconselho, levando-me a passar mal, numa aula de sexta feira, na escola – uma crise de estresse, uma descarga emocional – logo após ter voltado das férias.
Quando estava nas primeiras séries do Ensino Médio, participava normalmente de festas, ia a cinemas, a passeios com os colegas, shows etc. Já no 3º ano, optei por não fazer isso, decidi dedicar-me mais aos estudos, afinal deixar de sair um pouco quando se tem um objetivo não faz tão mal. Os finais de semana e feriados eram reservados para colocar a matéria em dia, deixando de participar de churrascos, e almoços em família, inclusive. Coisas que não sei se valem à pena, mas fica a critério de quem esteja lendo.
Como disse, estudava normalmente nos finais de semana, e costumava brincar que “sábado e domingo são dias letivos para quem vai prestar vestibular”. Não tive férias. É aquele momento certo para você colocar a matéria em dia, posto que o descontrole com a grande quantidade de conteúdo é, a meu ver, normal. Os finais de semana serviam para resolver aquelas questões que não tinha conseguido durante a semana e que agora tinha “tempo” para resolvê-las com mais calma. Eu não tinha um horário para o fim de semana. As pendências da semana se tornavam meu horário, não costumava dividir meu dia para cada matéria, apenas tentava ler sobre todas, mas disponibilizava mais tempo para a matemática, apesar de não ter sido minha discursiva.
O curso por que optei, curso de Direito, não foi desde sempre minha opção. Nas primeiras séries eu pensava em fazer Engenharia, pelo meu fascínio pela matemática, um dos motivos por eu dedicar sempre mais tempo à matemática, uma questão de desafio, mas sempre gostei, também, de discutir, escrever, teorizar e estudar história, algo que me fazia pender para o Direito ou Letras, opinião de alguns professores meus. Na verdade, cheguei ao terceiro ano sem saber ao certo para que curso eu prestaria vestibular. Gostava de todas as matérias, mas uma visão um pouco distorcida da profissão do engenheiro fez-me optar pelo Direito, que creio ter sido uma boa opção, pois estou muito satisfeito com o curso.
Quando se está no 3º ano ou no pré-vestibular, estuda-se durante um ano para uma prova difícil e decisiva que acontecerá no fim daquele ano, o que exige muito esforço e dedicação por um longo período, fato que, sem dúvida, leva ao cansaço, ao estresse, e ainda se tem que conciliar todas as matérias, uma grande quantidade de matérias, umas de que gosta, outras que não suporta, mas tem que estudar todas, não há opção quanto a isso. Diferentemente, quando se está na faculdade, no curso por que optou, o estudo é bem mais prazeroso, você tem a vontade de aprender sobre aquilo, tudo é interessante quando se trata daquele assunto. Você não mais se preparar para uma prova no fim do ano, mas é como se voltasse às primeiras séries e resolvesse provas por semana. O desgaste é diferente, o ritmo de estudo é diferente, você consegue conciliar o lazer com estudo, você tem menos matérias. Apesar de, falando do meu curso, a carga de leitura ser bem grande. Mas são tipos de estudos diferentes. Embora minha carga horária não tenha se alterado significativamente, com exceção dos finais de semana.
Sem dúvida, o que mais marcou o meu terceiro ano foi a mudança inesperada do vestibular do ano passado, a utilização do ENEM era uma realidade. Se observarmos a utilização do ENEM como primeira fase pelo projeto em si é bom sim, é uma boa ideia. Mas sua aplicação não foi a adequada, tampouco houve uma preocupação com aqueles que prestariam vestibular naquele ano, “as regras do jogo” mudavam constantemente, a ponto de sempre nos perguntarmos qual seria a próxima “novidade” quanto ao vestibular daquele ano. O intuito de misturar as áreas do conhecimento, a proposta de uma coadunação entre prática e teoria é boa, mas não foi isso que se observou na prova do ENEM.
Algumas questões difíceis, que não poderiam ser resolvidas no tempo esperado pelos elaboradores (3 minutos), uma repetição de conteúdo nas questões, e ainda outras que não faziam o menor sentido. Ademais, a prova que ocorreu de fato não possuía qualquer ligação com a prova que vazou, outro ponto que gerou insegurança nos vestibulandos daquele ano. Para este ano e os seguintes, não vejo qualquer problema na prova, posto que já se sabe como ela será, ou pode-se imaginar, e já houve um amadurecimento e aceitação por parte de alunos, professores e universidades, algo que não havia no ano passado. A UFES manteve o mesmo esquema do ano passado, e creio ser a melhor opção. Colocar o ENEM como etapa única já é um abuso, a meu ver, porquanto se perde o conteúdo do estado (exemplo: história do ES), e dispensa-se a leitura de obras cobradas nos vestibulares. O modelo adotado pela UFES não causa prejuízo, pois consegue na prova discursiva cobrar os conteúdos da área específica do curso e também corrige as próprias redações. O ENEM é a penas um passo par a 2ª etapa, ninguém acumula pontos para a fase seguinte, restando a diferença entre os concorrentes naquele conteúdo específico, não há prejuízo pela falta de afinidade com determinada matéria, que creio, repito, ser a melhor forma de se adotar a prova do ENEM.
Por fim, se me perguntarem se a valeu a pena sacrificar lazer, diversão, tempo com amigos e familiares para estudar, direi que sim. Alcancei o que eu queria. Foi um ano de desgaste, de dificuldade, de receio, de estresse, de preocupações, mas que resultou na minha aprovação, e isso compensa tudo o que ocorreu.
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